Ao chegar na cidade flutuante de Columbia, o protagonista de BioShock Infinite, Booker DeWitt, se vê caçado por autoridades que passaram anos alimentando uma paranoia xenófoba. As descrições desesperadas das testemunhas se tornam um absurdo — retratando DeWitt como tudo, desde um anão mestiço até um anarquista de bigode com traços comicamente exagerados.
Este detalhe satírico expõe brilhantemente os sistemas de crenças em colapso de Columbia — um tema que ressurgiu durante a apresentação do Xbox para Clockwork Revolution. Embora troque os céus de Columbia por ruas lamacentas, o RPG steampunk da InXile retrata de forma similar as fraturas sociais através de uma narração não confiável.

Os paralelos vão além da estética — ambos os jogos empregam testemunhos exagerados. Mas onde BioShock criticava o preconceito, Clockwork Revolution exibe sua criação de personagem flexível. Isto não é apenas mais um shooter; é um RPG completo onde as escolhas de origem (como ser um Engenheiro de Rua ou um Guardião de Livros erudito) causam efeitos nas linhas do tempo.
Clockwork Revolution compartilha mais DNA com The Outer Worlds 2 da Obsidian do que com o trabalho de Ken Levine. Ambos enfatizam uma narrativa reativa através de traits como "Sussurro a Vapor" ou escolher deliberadamente a vantagem "Burrice" — permitindo que os jogadores consertem computadores com carnes enlatadas quando as soluções convencionais falham.
Os mundos vibrantes e caricatos dos jogos — onde guardas mecânicos analisam seus pontos de carisma — abraçam o caos dos RPGs. Prova disso: provocar um lojista até que ele arrebente a cabeça de seu assistente com um castiçal enquanto faz uma piada sobre prova ocular.

Embora nem todos apreciem espadas musicais que recompensam o combate rítmico, estes jogos tornam a excentricidade opcional. Essa liberdade — seja criando um ladino eloquente que alarma detetives robôs ou abraçando o fracasso glorioso — mantém o gênero vibrante. Pessoalmente? Estarei criando o criminoso mais suspeitamente carismático de Clockwork Revolution enquanto desfruto de cada momento sabidamente ridículo.